
Crianças de Londrina no Dia da Consciência Negra..
Com a proximidade do controverso feriado do Dia da Consciência Negra, é interessante fazermos uma reflexão sobre relações raciais na escola. Como o Brasil é um país no qual há um altíssimo grau de miscigenação, é comum as pessoas pensarem que o racismo é algo ultrapassado ou superado. Que aqui no Brasil somos todos iguais e que todos têm as mesmas oportunidades de acesso às instituições de promoção da cidadania, como é o caso da escola. Mas será que isso é verdade?
Sabemos que de acordo com o Censo 2012, o número de negros ou pardos e brancos no país é praticamente igual, no entanto, as crianças e adolescentes negros são os que ainda mais apresentam problemas na relação com a escola no que tange à evasão, reprovação ou retenção – itens associados ao fracasso escolar. Durante a vida escolar, é maior o número de crianças e jovens que vão “ficando pelo caminho” e atualmente, mesmo com o sistema de cotas, são poucos os negros que entram no ensino universitário. Muitos tentam justificar essas questões consciencializando características biológicas, argumentando que todos (negros e brancos) tiveram acesso à escola, mas os primeiros não aproveitaram, não se esforçaram ou que são preguiçosos. Tais argumentos são rasos e equivocados.
Sabe-se que há uma clara relação entre a cor da pele e nível socioeconômico. Os negros ocupam as camadas mais baixas na pirâmide social e a explicação para isso não é falta de capacidade dos agentes, mas as poucas oportunidades e o racismo, que não está em um ou em outro indivíduo, mas na sociedade como um todo. O racismo faz parte da mentalidade da nação, está nas piadinhas, na naturalização das desigualdades, nos números de adoções realizadas de crianças brancas e negras (essas últimas são as que sofrem mais rejeição), na resistência de vários professores em trabalhar os temas relativos à cultura africana, etc. Por isso, dizemos que no Brasil o racismo é estrutural!
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